Histórias
da Ajudaris’17
A sala 1 do jardim de
infância de Arcozelo e as turmas A3B, A4A, A4B, 5º B, 5.º C e 5.º D
participaram no concurso Histórias da Ajudaris 2017. O tema para este ano era a
família e surgiram histórias maravilhosas, que as turmas partilharam entre si
na manhã de sexta-feira, dia 31. Porque ler e escrever também é solidariedade…
A atividade decorreu no
âmbito da semana da leitura, cujo tema era Ler
p’razer/Ler p’ra ser.
Os participantes leram as
suas histórias e ouviram as dos outros. A história da turma do JI foi lida pela
professora bibliotecária porque os alunos tinham outra atividade e não puderam
estar presentes, mas o sucesso foi garantido, até porque enviaram umas
belíssimas ilustrações, mostrando a importância que deram ao desafio.
As histórias a concurso, caso
sejam selecionadas, serão integradas na edição Histórias da Ajudaris 2017.
Parabéns a todos, foram
excelentes momentos de leitura partilhada!
Um agradecimento especial à
educadora Paula Coelho e às professoras Fernanda Cunha, Marta Miranda, Manuela
Fernandes, Celina Dias e Ana Júlia Neves, pela colaboração, sem a qual nada
disto teria sido possível.
Porque ler é…voar.
Eis as histórias
participantes:
Maricota
Esta é a história da
Maricota. A Maricota é uma menina feliz, gira, que gosta de comer fruta e
legumes.
A Maricota tem uma família
que adora: O pai Rui, a mãe Sofia, o irmão Gonçalo, a irmã Rafaela, o avô
António e a avó Maria. O pai e a Maricota desenham juntos e ela adora lavar os
dentes ao mesmo tempo que ele, é divertido! Com a mãe ela gosta de fazer bolos
deliciosos, com os irmãos gosta de ir ao parque, com a avó gosta de dar de
comer às galinhas e com o avô gosta de tratar da horta.
A Maricota é feliz porque
tem uma FAMILIA. Ter uma família é importante, porque se tem uma mãe, um pai,
avós, irmãos, tios. Ter uma família é importante porque a família cuida de nós:
dá-nos de comer, dá-nos banho, leva-nos a passear, dá-nos abraços, beijinhos,
ajuda-nos nas tarefas difíceis, trata-nos quando estamos doentes e dá-nos AMOR.
Se não tivermos Família, não temos companhia.
Às vezes a Maricota sente-se
triste, porque sabe que há muitas crianças no mundo que não têm família, então
pôs-se a pensar e teve algumas ideias:
- ir para a rua tocar flauta
(ela toca muito bem!), para ganhar algum dinheiro e mandar para essas crianças;
- pedir à professora e
realizar o “Dia do Pijama” na escola para juntar dinheiro com os amigos;
- dar alguns dos brinquedos
aos outros meninos para brincarem.
Agora vai apresentá-las à
família, aos amigos e à professora para juntos fazerem algumas crianças
felizes! Assim os meninos e meninas que não têm família podem arranjar uma
família de coração, que é tão boa como todas as outras.
A Maricota tem um sonho: que
todas as crianças do mundo tenham PAZ, SOSSEGO, SAÚDE e uma FAMILIA!
JI Arcozelo – sala 1
Uma Grande Família
A
chegada de Nagibe à turma estava a causar receio e nervosismo. Sabiam que vinha
de um país chamado Iraque. Viam na televisão imagens chocantes desse país:
guerra, violência e falta de liberdade. Imaginavam que o novo colega seria um terrorista,
mau e feio.
Quando
o menino chegou à escola, havia medo no ar. Nagibe era moreno, cabelo escuro e
olhos castanhos, cansados e tristes. Não era feio! Não falava português; sabia
um pouco de inglês, tal como a professora e os alunos. Contou-lhes que a sua
cidade, Mossul, tinha sido bombardeada por terroristas e que a escola onde
estudava, a sua casa e a dos vizinhos foram destruídas. Então os pais
resolveram fugir para a Europa, em busca de paz. Andaram mais de 1000Km até à
Turquia, um país vizinho. Passaram fome e sede, mas mantiveram-se unidos, como uma
família.
Na
Turquia conseguiram lugar num barquito que atravessou o Mar Mediterrâneo.
Nagibe estava cheio de medo pois sabia que naquele mar já tinham morrido
milhares de pessoas, que fugiam da guerra. Desembarcaram em Lesbos, uma ilha da
Grécia. Aí surgiu a oportunidade de virem para Portugal, Ponte de Lima, onde os
pais tinham esperança de conseguir trabalho e casa para a família viver sem
medo.
Todos
ouviam a história de Nagibe em silêncio e coração partido. Ele era apenas um
menino, como eles.
Os
alunos contaram aos pais, que contaram aos vizinhos, que contaram aos amigos e
muita gente ficou a saber. Juntaram-se e, como uma grande família, ajudaram
Mohammad, Malala e Nagibe. Arranjaram-lhes emprego, ajudaram-nos a construir
uma pequena casa e ensinaram-nos a falar português.
E
assim esta família encontrou paz em Ponte de Lima – “Terra Rica da Humanidade”.
Turma A3B
Diferentes por fora, felizes por dentro
A história passa-se num
reino encantado de criaturas magníficas, às vezes confusas ou perdidas: a
escola! O professor lembrou que o Dia do Pai estava próximo e pediu sugestões
para as lembranças. Muitas ideias saltaram daquelas cabeças bonitas, mas o
entusiasmo não era geral. Algumas crianças ficaram cabisbaixas, encolhidas nos
seus pensamentos.
A campainha tocou. O
professor pediu aos três alunos de olhos tristes que ficassem. Esperaram em
silêncio… “Porque ficaram tristes?” – perguntou. A Ângela explicou que o pai
trabalhava longe e não iria estar com ele no Dia do Pai. O professor acalmou-a
e sugeriu que guardasse o presente até às férias, quando iria rever o pai. O
Leandro soltou um desabafo: “Ao menos tens um pai. Eu não…”
O
professor explicou que a mãe do Leandro não tinha namorado, mas desejava muito
ser mãe, por isso, com ajuda médica, recebeu sementinhas de um dador e
engravidou. As meninas ficaram espantadas e o Leandro, que conhecia bem a
explicação, deixou cair umas lágrimas. O professor abraçou-o e o menino sentiu
como se estivesse a receber o carinho de um pai.
A
Maria ganhou coragem para explicar aos amigos que tinha dois pais.
- Eu não vivo com uma mãe e
um pai. Fui adotada ainda pequenina. O meu pai adotivo tem um namorado, que me
trata tão bem! Gosto deles da mesma forma… A quem dou a lembrança?
A Ângela sugeriu que fizesse
uma para cada um. Tocou. Os colegas entraram. Estavam mais tranquilos e todos
fizeram as lembranças orgulhosos das suas famílias. As Famílias são todas
diferentes… O que importa é que sejam felizes!
O Leandro decidiu dar a
lembrança ao professor porque cuidava dos alunos como se fossem seus filhos.
Turma A4A
Família,
minha flor
Família,
Raiz
que me sustenta,
Flor
poderosa, joia valiosa
Porto
de abrigo,
Teia
de emoções,
Pétalas
de recordações.
Fruto
cheio de bondade,
Ninho de cumplicidade,
Ligação que acalenta o coração.
Turma
A4B
Família
Lopes
Era uma vez uma família riquíssima
constituída por seis elementos: mãe, pai, dois jovens adolescentes e os avôs.
Viviam numa casa enorme, com janelas grandes e portadas de madeira, rodeada de
um jardim colorido, ladeado por trepadeiras exóticas. Eram conhecidos como “Os
Lopes do calçado”, pois tinham uma fábrica de calçado que empregava muita gente
daquela vila.
Um dia, o pai chegou a casa
muito triste e perturbado. Reuniu a família e expôs o motivo da sua
preocupação:
- Meus queridos, custa-me
muito dizer que a nossa fábrica está a atravessar uma grande crise. O nosso
melhor cliente não pagou a última encomenda, deixando-nos à beira da falência.
A partir de hoje teremos de ficar mais unidos e evitar gastos desnecessários.
- Meu filho, somos uma
família e, como tal, podes contar connosco, sempre, nos bons e nos maus
momentos! Em primeiro lugar, temos de pensar numa forma de continuar a pagar os
salários aos nossos funcionários, pois também eles têm famílias para sustentar.
Se queremos salvar a fábrica, teremos de pedir a sua compreensão e ajuda –
disse o avô muito apreensivo.
Todos
concordaram com a sugestão. O filho mais velho, perito em questões de informática,
prontificou-se a criar uma imagem nova e mais moderna da fábrica e colocou
todos os produtos online.
A
Rita, nos seus tempos, livres ajudava a mãe no escritório da fábrica e, todos
os dias, ambas incentivavam os trabalhadores a acreditarem na empresa, pois
encomendas não faltavam.
Os
meses foram passando e os sacrifícios foram enormes. A família Lopes teve de
vender quase todos os seus bens, mas conseguiu o capital necessário para manter
o negócio.
-
Vão-se os anéis, fiquem os dedos! – suspirou a avó.
Turma
5.º B
Querido
diário
Londres, 2 de fevereiro 2017
Hoje acordei lamechas! Sonhei com o passado.
Como sabes a minha história
de vida é muito emocionante. Cedo, perdi os meus pais num ataque terrorista,
desses que ninguém consegue explicar, e que deixa jovens, como eu e os meus
irmãos, mais novos, órfãos, tristes, perdidos, sem chão!
Os meus padrinhos eram a nossa família mais
chegada, mas moravam em Londres. Então, ficamos temporariamente ao cuidado de
uma instituição.
Felizmente, a minha madrinha
convenceu o meu padrinho a adotar-nos e ambos regressaram a Portugal para nos
“libertarem” daquele pesadelo. Não é que a instituição fosse má ou que nos
maltratassem, nós até fizemos bons amigos… Mas não há nada melhor do que o
nosso cantinho! Assim que as questões legais ficaram resolvidas viajamos para Londres,
de avião, o que foi uma aventura. Até imaginei que era o Peter Pan e que
salvava os meus irmãos de um bando de piratas.
Quando aterramos, apanhamos
um táxi e seguimos para casa dos meus padrinhos. Nem queríamos acreditar! A
casa era tipicamente inglesa. No jardim havia um carvalho enorme que suportava
uma casinha de madeira, com duas janelinhas, uma porta e uma varanda de onde
caía uma escada de corda. Ao ver-nos de boca aberta, o meu padrinho disse:
- Sejam bem-vindos! Queremos
muito que sejam felizes aqui. Construí-a para vocês.
Abraçamos os meus padrinhos
com a lágrima no canto do olho. A mudança ia ser grande, mas eles estariam ali
para nós.
Família é saber dar a mão, é
carinho, … muito mais do que apenas laços de sangue.
Elias Santos
Turma
5.º C
Rico
e pobre
Era uma vez um homem muito
rico que vivia sozinho numa mansão rodeada de lindos jardins. A casa era
protegida por grades altas e pontiagudas que tinham como objetivo proteger a
propriedade da cobiça e da inveja.
Era detestado por todos os
que o conheciam e que tinham de se relacionar com ele, porque tinha um feitio
difícil. Não gostava de pessoas, só de dinheiro. Só este o fazia sentir bem.
Quem tratava do seu jardim
era um jardineiro muito pobre, porque os salários que o homem pagava eram
miseráveis.
Todas as manhãs, quando saía
para o escritório, se cruzava com aquele empregado, que lhe dirigia um “Bom
Dia!” muito caloroso e verdadeiro. O homem rico ficava surpreendido com aquela
boa disposição. E seguia o seu caminho, pensando nos motivos que teria o
jardineiro para estar tão contente.
Até que, após tantos anos a
assistir àquela simpatia diária, resolveu perguntar-lhe:
-Como é que tu, que tens um
trabalho tão duro, ao sol e à chuva, ao frio e ao vento, e ainda por cima mal
pago, consegues ser tão feliz?
Era a primeira vez que o
patrão lhe dirigia uma palavra.
-Senhor, para ser feliz,
basta-me o amor da minha família. Venha hoje à noite jantar a minha humilde
casa e saberá de onde me vem a felicidade - respondeu.
O homem rico ficou perplexo
com o convite, mas resolveu aceitar.
Estacionou frente a casa do
jardineiro à hora marcada. Era uma casa pequena e velha, com sinais de
humidade.
Lá dentro, apesar do frio,
reparou logo no ambiente caloroso. O jardineiro e a esposa preparavam
alegremente o jantar, os avós estavam junto à lareira a contar histórias aos
netos. Estranhamente apeteceu-lhe viver ali.
Percebeu, então, que a
verdadeira riqueza está na união da família.
Turma
5.º D
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